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Verde Vermelho

Podia ser um blog sobre Portugal. Podia ser um blog sobre mim. Podia ser um blog sobre coisas boas e más. Podia ser um blog humorístico. Podia ser um blog a tentar ser humorístico. Podia ser um blog sobre qualquer coisa. Pois podia.

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21 de Julho, 2014

Voltar a onde se foi feliz ou deixar cada coisa no seu tempo próprio?

Joana
Há dias, numa ida ao Facebook, fui surpreendida com a criação de um evento dinamizado por ex-colegas meus de turma e escola: uma dos mui afamados jantares de reencontro de alunos. Torci logo o nariz, porque tinha lá o convite chapado à minha frente e não me apetece mesmo alinhar. Não sou nada apologista destas coisas, confesso. Não é ser antissocial, é achar que tudo tem o seu tempo próprio e que esses reencontros ao género "10 ou 15 anos depois", regra geral, só me trazem desilusões. As pessoas mudam muito, a vida leva-as por caminhos diferentes e tornam-se seres humanos naturalmente diferentes, bem sei. O que me incomoda mais é que, nesses eventos, por regra, todos querem parecer o que não são e a futilidade e o espalhafato vêm ao de cima. O que vemos ali não é a realidade (nalguns casos, felizmente!) e está tudo a querer mostrar que não "falhou" na vida, mesmo se a vida não lhes sorriu como era esperado ou merecido. Acho estes jantares uma fantochada e um teatro pegado, e não é coisa com a qual me identifique minimamente.

Ao falar com um grande amigo meu da altura que se mantém até hoje, confirmei que não sou a única e que ele também não alinha neste tipo de iniciativas, pelos mesmos motivos. Fiquei mais descansada. Contra a grande maioria que adora estes reencontros, não sou uma raridade por não gostar de alinhar nesta coisa forçada que é fingir que tudo está na mesma, que somos todos amigos e que seremos inseparáveis a vida toda. Quem quis tornar-se inseparável, fez por isso e não deixou que os contactos se perdessem ou que a vida os afastasse de quem queriam ter perto de si. Esta é a minha ideia.

Para esta minha atitude também contribui o facto de ter, ao longo destes anos, encontrado várias pessoas desse tempo e de ter manifestado um enorme entusiasmo por as reencontrar e, em resposta, apenas receber secos "sins" e "nãos" e uns quantos comentários sobre trivialidades sem interesse. Porque haveria agora, da parte deles, haver essa súbita curiosidade e alegria em me reencontrar? Uma das situações mais crassas foi, aliás, com uma professora minha da época que, por sinal, eu adorava e me tinha sempre ajudado muito a não desistir dos meus sonhos profissionais. Um dia, ela entrou pela porta da minha empresa a propor-se colaborar como professora. Mal a reconheci, fiquei extasiada e falei com ela com uma imensa alegria e até emoção; ela, pelo contrário, foi do mais "seco" que podia ser, focou-se unicamente no seu propósito de ir entregar o CV e saiu. Falta de humildade? Má educação? Pressa? Enfim, não percebi, mas nesse dia fiquei mais do que triste, como imaginam.

Enfim, esta e outras situações fazem-me crer que as coisas têm o seu tempo próprio e que, de facto, não deveremos voltar uma segunda vez ao "lugar" onde fomos alguma vez felizes. Cada coisa no seu tempo. E se hesitar, basta pensar que sempre que caí na tentação e acreditei que os outros estariam na mesma sintonia que eu, desiludi-me. Posso parecer antissocial, mas apenas estou a ser fiel a mim mesma. Assim sou mais feliz.

Como reagem vocês a estes reencontros? Participam? Gostam? Concordam comigo ou são o oposto de mim? ;)


(Hei de continuar esta questão do Facebook e dos amigos num outro post, está prometido!)


21 de Julho, 2014

Voltar a onde se foi feliz ou deixar cada coisa no seu tempo próprio?

Joana
Há dias, numa ida ao Facebook, fui surpreendida com a criação de um evento dinamizado por ex-colegas meus de turma e escola: uma dos mui afamados jantares de reencontro de alunos. Torci logo o nariz, porque tinha lá o convite chapado à minha frente e não me apetece mesmo alinhar. Não sou nada apologista destas coisas, confesso. Não é ser antissocial, é achar que tudo tem o seu tempo próprio e que esses reencontros ao género "10 ou 15 anos depois", regra geral, só me trazem desilusões. As pessoas mudam muito, a vida leva-as por caminhos diferentes e tornam-se seres humanos naturalmente diferentes, bem sei. O que me incomoda mais é que, nesses eventos, por regra, todos querem parecer o que não são e a futilidade e o espalhafato vêm ao de cima. O que vemos ali não é a realidade (nalguns casos, felizmente!) e está tudo a querer mostrar que não "falhou" na vida, mesmo se a vida não lhes sorriu como era esperado ou merecido. Acho estes jantares uma fantochada e um teatro pegado, e não é coisa com a qual me identifique minimamente.

Ao falar com um grande amigo meu da altura que se mantém até hoje, confirmei que não sou a única e que ele também não alinha neste tipo de iniciativas, pelos mesmos motivos. Fiquei mais descansada. Contra a grande maioria que adora estes reencontros, não sou uma raridade por não gostar de alinhar nesta coisa forçada que é fingir que tudo está na mesma, que somos todos amigos e que seremos inseparáveis a vida toda. Quem quis tornar-se inseparável, fez por isso e não deixou que os contactos se perdessem ou que a vida os afastasse de quem queriam ter perto de si. Esta é a minha ideia.

Para esta minha atitude também contribui o facto de ter, ao longo destes anos, encontrado várias pessoas desse tempo e de ter manifestado um enorme entusiasmo por as reencontrar e, em resposta, apenas receber secos "sins" e "nãos" e uns quantos comentários sobre trivialidades sem interesse. Porque haveria agora, da parte deles, haver essa súbita curiosidade e alegria em me reencontrar? Uma das situações mais crassas foi, aliás, com uma professora minha da época que, por sinal, eu adorava e me tinha sempre ajudado muito a não desistir dos meus sonhos profissionais. Um dia, ela entrou pela porta da minha empresa a propor-se colaborar como professora. Mal a reconheci, fiquei extasiada e falei com ela com uma imensa alegria e até emoção; ela, pelo contrário, foi do mais "seco" que podia ser, focou-se unicamente no seu propósito de ir entregar o CV e saiu. Falta de humildade? Má educação? Pressa? Enfim, não percebi, mas nesse dia fiquei mais do que triste, como imaginam.

Enfim, esta e outras situações fazem-me crer que as coisas têm o seu tempo próprio e que, de facto, não deveremos voltar uma segunda vez ao "lugar" onde fomos alguma vez felizes. Cada coisa no seu tempo. E se hesitar, basta pensar que sempre que caí na tentação e acreditei que os outros estariam na mesma sintonia que eu, desiludi-me. Posso parecer antissocial, mas apenas estou a ser fiel a mim mesma. Assim sou mais feliz.

Como reagem vocês a estes reencontros? Participam? Gostam? Concordam comigo ou são o oposto de mim? ;)


(Hei de continuar esta questão do Facebook e dos amigos num outro post, está prometido!)


18 de Julho, 2014

Do avião que foi atingido por um míssil.

Joana
Não páro de pensar no que é ir num avião ou ter alguém próximo a viajar em lazer ou em trabalho, tranquilamente no seu voo, e ser repentinamente atingido por um míssil. Não consigo imaginar semelhante. Já pensei em todos os cenários, já transpus tantas vezes essa ideia para uma TAP ou uma uma Lufthansa, que nem imaginam. Que frieza é necessária para fazer tal coisa? Que desumanidade?

Não sei que voltas o mundo vai dar. Mas vai, de certeza. E para bem pior. E nós estamos aqui mesmo ao lado do acontecimento. Tenho, neste momento, muito medo do que aí virá e temo que vamos viver algo que não imaginámos, sequer, que viéssemos a viver. Parece-me que isto é tão mau ou pior que o 11 de setembro em termos de repercurssões futuras. Estou com bastante medo, confesso.


18 de Julho, 2014

Do avião que foi atingido por um míssil.

Joana
Não páro de pensar no que é ir num avião ou ter alguém próximo a viajar em lazer ou em trabalho, tranquilamente no seu voo, e ser repentinamente atingido por um míssil. Não consigo imaginar semelhante. Já pensei em todos os cenários, já transpus tantas vezes essa ideia para uma TAP ou uma uma Lufthansa, que nem imaginam. Que frieza é necessária para fazer tal coisa? Que desumanidade?

Não sei que voltas o mundo vai dar. Mas vai, de certeza. E para bem pior. E nós estamos aqui mesmo ao lado do acontecimento. Tenho, neste momento, muito medo do que aí virá e temo que vamos viver algo que não imaginámos, sequer, que viéssemos a viver. Parece-me que isto é tão mau ou pior que o 11 de setembro em termos de repercurssões futuras. Estou com bastante medo, confesso.


08 de Julho, 2014

Os pais também mentem?

Joana
Outro dia, enquanto estava na minha jornada de 6 horas a passar roupa a ferro (sim, eu mereço umas férias, também concordo!), vi o progarama "Alta Definição", com Luísa Castel-Branco como convidada. Das muitas coisas que disse sobre a vida, prestei especial atenção à forma como falou da saúde, da fragilidade e da relação com os filhos e netos. E entre esses desabafos, disse uma coisa que realmente me incomodou, por eu crer ser verdade na minha própria realidade: que os pais nunca são totalmente francos com os filhos em relação à sua saúde, que nunca contam toda a verdade, porque isso é ser pai. Naquela hora confesso que "transportei" essa informação para a minha vida e só consegui dizer uma coisa, que completava o que a convidada havia dito: "... que é um ato bem egoísta, por sinal".

Das coisas que mais temo na vida é perder os meus pais. A mínima questão de saúde relacionada com eles deixa-me com uma ansiedade tremenda; a espera de resultados então deixa-me alterada por completo. Sei que a vida não dura para sempre e tudo tem um fim - e que esse fim chegará inevitavelmente. Cada dia que passa, aceito mais as coisas, mas custa muito pensar - só pensar - nisso. 

Já passei por situações nada leves com os meus pais e que foram superadas sem que eu tivesse a real noção das coisas, precisamente porque cumpriram esse tal papel - que eu, apesar de compreender, volto a dizer que acho imensamente egoísta - de não me dizerem toda a verdade. Foi-me dada a verdade conveniente para não sofrer. Percebo a lógica, compreendo que um pai faz tudo para não ver um filho sofrer, mas, com isso, não estará a criar uma ilusão de algo que, inevitavelmente, vai ser posto a descoberto e sabido, mais cedo ou mais tarde? Será essa queda inferior à primeira, a tal anestesiada pela ilusão?

Sempre pedi e peço aos meus pais para serem totalmente francos comigo e me dizerem TUDO em relação à sua saúde, porque pode realmente fazer a diferença, se algo surgir. Não se trata de apaziguar dores, trata-se de lutar em conjunto e tentar vencer os "bichos" que possam surgir no nosso caminho. No entanto, e quase tão certo como eu me chamar Joana, aposto que tal nunca será exatamente assim, por mais que me garantam que sim, porque os bons pais pensam exatamente da forma que a Luísa Castel-Branco: sabendo que é errada, sabem também que é exatamente a certa para não roubar 1mm que seja à felicidade dos filhos.

Percebo tudo isto. Mas que a garantia dos meus pais seja real, é só isso que peço.
  

08 de Julho, 2014

Os pais também mentem?

Joana
Outro dia, enquanto estava na minha jornada de 6 horas a passar roupa a ferro (sim, eu mereço umas férias, também concordo!), vi o progarama "Alta Definição", com Luísa Castel-Branco como convidada. Das muitas coisas que disse sobre a vida, prestei especial atenção à forma como falou da saúde, da fragilidade e da relação com os filhos e netos. E entre esses desabafos, disse uma coisa que realmente me incomodou, por eu crer ser verdade na minha própria realidade: que os pais nunca são totalmente francos com os filhos em relação à sua saúde, que nunca contam toda a verdade, porque isso é ser pai. Naquela hora confesso que "transportei" essa informação para a minha vida e só consegui dizer uma coisa, que completava o que a convidada havia dito: "... que é um ato bem egoísta, por sinal".

Das coisas que mais temo na vida é perder os meus pais. A mínima questão de saúde relacionada com eles deixa-me com uma ansiedade tremenda; a espera de resultados então deixa-me alterada por completo. Sei que a vida não dura para sempre e tudo tem um fim - e que esse fim chegará inevitavelmente. Cada dia que passa, aceito mais as coisas, mas custa muito pensar - só pensar - nisso. 

Já passei por situações nada leves com os meus pais e que foram superadas sem que eu tivesse a real noção das coisas, precisamente porque cumpriram esse tal papel - que eu, apesar de compreender, volto a dizer que acho imensamente egoísta - de não me dizerem toda a verdade. Foi-me dada a verdade conveniente para não sofrer. Percebo a lógica, compreendo que um pai faz tudo para não ver um filho sofrer, mas, com isso, não estará a criar uma ilusão de algo que, inevitavelmente, vai ser posto a descoberto e sabido, mais cedo ou mais tarde? Será essa queda inferior à primeira, a tal anestesiada pela ilusão?

Sempre pedi e peço aos meus pais para serem totalmente francos comigo e me dizerem TUDO em relação à sua saúde, porque pode realmente fazer a diferença, se algo surgir. Não se trata de apaziguar dores, trata-se de lutar em conjunto e tentar vencer os "bichos" que possam surgir no nosso caminho. No entanto, e quase tão certo como eu me chamar Joana, aposto que tal nunca será exatamente assim, por mais que me garantam que sim, porque os bons pais pensam exatamente da forma que a Luísa Castel-Branco: sabendo que é errada, sabem também que é exatamente a certa para não roubar 1mm que seja à felicidade dos filhos.

Percebo tudo isto. Mas que a garantia dos meus pais seja real, é só isso que peço.
  

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