O 1º de maio: Contra dar trabalho a quem merece descanso.
Eu tenho muito respeito pelo 1º de maio. Acho que se não for um dia de luta pública, deve, ao menos, ser um dia de reflexão por todos aqueles que lutaram por nós e pelos nossos direitos. Recuso-me, por isso, a contribuir para o capricho e desprezo das entidades patronais e a ir a qualquer grande superfície comercial neste dia. Talvez só mesmo a pequenos negócios de família, tipo cafézinhos pequenos, em que sinta que as pessoas estão lá por opção, não porque o patrão as obrigou. Inclusivamente, amanhã eu vou trabalhar toda a manhã, mas por opção minha. Não terei professores a trabalhar comigo e apenas terei a minha empresa aberta de manhã porque estou nessa disposição e tenho essa vontade. Penso que é assim que deve ser.
Dito isto, custa-me muito voltar a ver a loucura dos Pingos Doces e Continentes com as grandes promoções do 1º de maio. Sempre achei isto altamente estúpido, mas mais ainda quem "alimenta" isto. Será que será necessário tanto? Será que os preços mais baixos justificam passarmos por cima dos direitos de quem é forçado a trabalhar num dos dias que, quase obrigatoriamente, deveria ser de descanso geral?
É-me muito complicado entender isto, confesso. Mantenho a minha ideia e espero que outras pessoas reflitam sobre isto e reconsiderem as suas opções. Se a sociedade põe os interesses individuais à frente dos da comunidade, então algo vai mesmo, mesmo mal. E se alguns desses elementos da sociedade um dia precisarem que lutem ao lado deles por direitos que lhes são devidos, não podem exigir que os outros o façam, quando eles mesmos não o fizeram por quem estava ao seu lado.
Temo que nada disto importe à maioria da sociedade. Veremos.
1º de maio em 1974, no Porto.