Casar: o que te dizem que vai acontecer e não acontece. (Ou melhor, não aconteceu.)
1- Gritar aos sete ventos que te vais casar.
Quando decidimos casar, não fizemos logo alarido disso. Não. Resguardámo-nos um pouco, contámos à nossa família mais direta e amigos muito próximos e that's it. A generalidade dos restantes convidados só soube mesmo na altura de receção do convite. Não houve histerias nem exageros e tudo seguiu na normalidade. Entre nós dois, a alegria era imensa, mas tudo foi levado e pensado com calma e tempo, sem qualquer exagero.
2- Começares a pensar no casamento logo no dia seguinte ao pedido oficial.
Fui pedida em casamento a 9 de agosto de 2014. Casei a 24 de julho de 2015. Se tivesse estado este intervalo todo de tempo a pensar no casamento, tinha dado em doida. Para quê começar a criar ansiedades a um ano de distância? Um autêntico disparate, a nosso ver. "Cozinhámos" a ideia do casamento durante os restantes meses do ano do pedido e começámos a pensar mais seriamente nas coisas a uns 5 meses do casamento. Mas com calma e sem perder o sono, que havia muito tempo para tudo. E isto leva-nos à próxima ideia errada...
3- Não teres tempo para nada.
O nosso casamento foi pensado com tempo. A sua preparação coincidiu, como sabem, com o belo anúncio de que o nosso senhorio ia vender a casa em que estávamos e com a maravilhosa notícia de que teríamos de sair - e, portanto, ter uma solução - até fim de março (depois lá pôs a mão na consciência - ou assustou-se com a lei, não sei bem - e lá nos estendeu o prazo até fim de julho). Ou seja, andámos a tratar, em paralelo, do nosso casamento e da compra de casa. Começámos nesta jornada em fevereiro e conseguimos concretizar tudo a tempo (com picos de stress pelo meio, é certo). Tivemos tempo para tratar de tudo. Aliás, fomos nós que fizemos as coisas e decidimos a "linha" do nosso casamento e isso foi claro para quem esteve presente e nos conhece bem - detetou de imediato a nossa "mão" em tudo.
4- Sem uma empresa a ajudar, não se consegue.
Meus amigos, nós estivemos a trabalhar todo o período do nosso noivado de segunda a sábado, eu tenho uma empresa às costas, tivemos visitas a imóveis todos os fins de semana, cumprimos todas as obrigações de casa, tínhamos burocracias imensas a tratar por todos os motivos e mais alguns, visitámos a família que vive longe de nós, frequentámos o CPM (Curso de Preparação para o Matrimónio), convivemos com os nossos amigos e não precisámos de delegar nada, nem procurar empresas para nos fazerem o que quer que seja, à exceção do próprio copo de água, onde não conseguíamos - nem quisemos - intervir. Portanto, se contratam empresas para vos fazerem as coisas (nada contra!) é porque querem, não porque precisam. Tudo se consegue, desde que planeado com tempo e feito de forma metódica.
5- A noiva decide quase tudo.
Nada disso. TODAS as decisões neste processo foram a dois. Desde os convites, às lembranças, passando pela decoração dos espaços, as surpresas, a missa, quase tudo mesmo! Tenho cá para mim que um casamento que começa com a noiva a decidir tudo e o homem e não querer saber de nada não irá dar a grande porto, mas pode ser só uma ideia errada.
6- Vais estar hiper nervoso no dia anterior ao teu casamento.
No dia anterior ao casamento, tanto eu, como o J. dormimos nas nossas famílias. Estivemos, por isso, afastados um do outro longas horas e ninguém morreu. Não trocámos imensas mensagens, nem estivemos horas ao telefone. Não. Um telefonema às 22h30 (há que valorizar o conceito de "sono de beleza") antes de ir dormir e já está. Nada de nervosismo, apenas ansiedade e preocupação com as horas e tudo o que havia a despachar na manhã seguinte. Isso, sim, era o que verdadeiramente me assustava.
7- Não consegues dormir na véspera do grande dia.
Bahhhh, que treta! Dormi que nem um anjinho. Às 23h já devia estar no lado dos carneirinhos e pular a cerca. Acho que o J. só conseguiu passar todo o gado lá por volta das 2h. E depois são as noivas que estão nervosas. Sim, sim.
8- Os homens raramente choram.
Entro eu na igreja, começa a música e as minhas lágrimas, teimosas que só elas, escorrem-me pela maquilhagem abaixo. O J. está de costas para mim, para não se emocionar. Vê-me a chegar e disfarça o nervosismo com um sorriso de orelha a orelha e um "Então? Não é para chorar!". Sim, sim. Foi esperar uma meia hora e ver o meu J. a ir, comigo, entregar o ramo a Nossa Senhora, e a abrir portas a um dilúvio naquela carinha. Ele ficou meio triste por se ter comportado assim; já as mulheres acharam-no hiper fofinho e toda a gente o confirmou como bom rapazinho. Deve ter continuado muito triste o J., deve.
9 - Os noivos não comem durante o casamento.
Sempre disse para não me dizerem isto, porque as coisas não iam funcionar dessa maneira comigo. Ninguém acreditou e toda a gente insistia na ideia. Erraram de tal forma que até um dos meus melhores amigos me veio dizer à mesa, durante a refeição principal, que nunca tinha visto uma noiva a comer tanto durante o seu casamento. Nunca me subestimem. Ia ter um banquete em nosso nome, com tudo do que mais gostamos, e não ia comer? Eu avisei; não digam que eu não avisei.
10 - O dia passa a correr e não aproveitas nada.
Não sei a opinião de quem decide casar da parte da tarde, mas nós, que casámos a meio da manhã, tivemos um dia pleno e não achei que tivesse passado nada a correr. Aproveitámos muito, focámo-nos na ideia de que a festa era nossa e de mais ninguém e que, portanto, nos competia a nós tirar o máximo partido dela. Não fizemos nada para agradar ninguém - fizemos por nós e para todos. Quem quisesse alinhar, força. Se houvesse que não estivesse para aí virado, não íamos focar-nos nisso. No entanto, no fim, toda a gente gostou muito e o dia teve mesmo a duração perfeita. Tudo decorreu sem grandes pausas ou intervalos desmotivadores, conseguimos estar com todos e um com o outro e foi um dia cheio, mas muito, muito rico. Foi perfeito!