Desabafo: será uma fase?
Há alturas em que a vida parece que não nos sorri como deveria. Talvez o cansaço jogue aqui um grande papel e reconheço que esta fase do ano, sem pausas, é bastante pesada para mim. Há um desgaste psicológico grande neste momento do ano e a ausência de vários elementos que me animem desajuda por completo.
Dou por mim várias vezes a pensar o que se passa e a tentar descortinar por que motivo não consigo manter sempre a energia em alta. Estou diferente e nem por isso especialmente triste ou feliz. Aceito, simplesmente.
Tenho refletido muito sobre mim e sobre as mudanças que noto em mim. E são muitas. E não são sempre as melhores, se calhar. Mas confesso que depois de muito pensar chego à conclusão que eu mudei, porque as coisas à minha volta também mudaram muito. Isto estende-se a vários domínios: idade, amizades, casa, projetos familiares, profissão, etc. Tenho apanhado algumas desilusões, talvez por ter vivido com ilusões a mais em relação a certos aspetos. Penso que perdi parcialmente aquele meu lado sempre otimista, porque quem me rodeia não o é particularmente comigo e, quando as coisas não correm de feição, sou entendida como tendo sido a parte errada da questão. Perdi alguma da minha alegria, porque estou cansada de tentar e não conseguir que as coisas se resolvam. Perdi alguma da minha espontaneidade, porque a espero dos outros e não a tenho, muitas vezes. Perdi muita paciência neste processo e ando mesmo sem capacidade de aguentar muitas coisas. E, essencialmente, chego à conclusão que me entristeço por não receber de volta o que dou de mim aos outros e às coisas. Parece que a força que dou perco, pois não me é devolvida, como era suposto. Claro que isto são fases, mas acho que, neste momento, acumulei tanta coisa, que já não consigo ver o cenário de outra forma. Consigo estar muito divertida com alguém e ser uma boa amiga, amante, colega, profissional... mas ao fim do dia, invariavelmente, este pensamento invade-me. Estou a precisar de me encontrar um pouco com o meu old me, sair daqui por vários dias, estar só com as minhas metades e, sobretudo, receber, se não em dobro, pelo menos em igual proporção, tudo o que dou de mim a quem e ao que mais precisa de mim. Só isso.
(Is it?)