Nesta semana de Páscoa, estou a trabalhar a meio gás. Decidi fazê-lo, antes de mais, porque a situação o permite, mas muito pela necessidade de impor a mim mesma algum tempo. E eis o que mais me falta neste momento: tempo. Se há coisa que sinto que a vida que levo me está a roubar é este espaço que antes tinha e vejo cada vez mais a desaparecer. Sei que poderia pôr um travão a algumas coisas, mas também tenho a perceção de que se não apostar agora, enquanto não há filhos e situações mais complexas, talvez nunca o faça. A parte má da coisa é que eu não sou sempre forte nem otimista - ao contrário do que 90% das pessoas que lidam comigo pensam - e há fases em que me vou bastante abaixo, por perceber que a profissão limita tudo o resto - a vida de casa, o tempo para mim e para a minha família. Nos momentos de maior desgaste, sinto-me mesmo "presa" e não consigo lidar bem com isso.
Ou seja, neste momento todos os pequenos instantes de pausa são importantes instantes de pausa. Se até final deste ano letivo - após este pequeno intervalo - não vou querer abrandar muito o ritmo, sobretudo nesta fase do ano, estou decidida a mudar algumas coisas a partir de setembro, nomeadamente não deixar que isto mantenha o padrão atual e que acaba por mudar - e muito! - todas as rotinas de casa - minhas e dos outros. Vai daí, estou a dedicar estes poucos dias a fazer o que tenho continuamente adiado - por ironia, também trabalho. Mas sobretudo casa: planeamento de refeições, compras, limpezas sem pressas, reposição de stocks, enfim... uma série de pequeninices, para as quais nunca tenho tempo e disposição e que me deixam muito satisfeita quando as consigo concretizar.
Se ontem foi dia da (primeira parte da) primeira investida nas limpezas e arrumações em casa, hoje o dia começou com arrumações na cozinha e com encomendas online de material de escritório - para a empresa, lá está. Acabei de a terminar e vou agora tratar da reposição do stock alimentar cá de casa. Depois é chegar, arrumar tudo, preparar o almoço, ir para a empresa tratar de contabilidade, fazer a limpeza semanal do espaço e ao final do dia ter uma aula e participar noutra, ambas de alguma exigência. Saída de lá, irei ao ginásio negociar algumas condições de frequência e, se ainda respirar, conto ainda preparar o jantar e regressar aqui ao meu amigo computador e organizar umas quantas (centenas de) pastas e documentos que se perderam por entre memórias externas e afins aquando do falecimento do meu antiguinho portátil e da mudança para o atual. Este é o plano. Vamos lá ver como me corre. E isto em período de meio gás. Imaginem se não fosse.
Acho que nunca senti tanto o peso da vida adulta. E isto ainda pode piorar, tenho a perfeita noção disso. Penso e repenso na situação e sei que organização tudo se consegue, mas... e tempo para organizar o tempo?
Digam-me que não sou só eu a pedecer deste mal.
É isto. Estão comigo?