Andamos, como sabem, a fazer algumas remodelações em casa e, como somos gente poupadinha, grande parte dessa tarefa está - literalmente! - nas nossas mãos. Ou seja, tudo o que sejam decisões do âmbito das pinturas e decoração está a sair-nos apenas da nossa cabeça (e bolso!). Apesar disso, somos pessoas que gostam de pedir e ouvir opiniões e sugestões a quem possa mostrar perceber alguma coisa da poda. No entanto, temos também a noção de que muitos "profissionais" têm centenas de ideias para tudo e mais alguma coisa, mas esses, regra geral, acabam por se enrolar de tal forma nos seus projetos e palavras, que acabam por chegar a estradas sem saída e nos deixam a olhar para eles com ar de "Hee... mas isso não faz sentido nenhum...". Já no passado tomámos uma má decisão, porque, para além de sermos bastante indecisos em certos momentos, o cansaço da rotina diária de trabalho levou-nos a aceitar seguir uma ideia proposta por um profissional, que acabou por se revelar um falhanço, tal como, alías, tínhamos uma ligeira impressão que pudesse acontecer. Mas serviu para aprender.
Nesta primeira fase das nossas obras, o alvo a atacar era o nosso quarto. Sabíamos que o queríamos mudar radicalmente face ao que estava, porque, por um lado, estávamos condicionados por essa tal má decisão no passado que não era totalmente passível de ser solucionada, e por outro estivemos dois anos a viver com infiltrações precisamente no quarto, pelo que tudo ali, como estava, nos transmitia desconforto e nos acordava más memórias. Vai daí, se certas coisas não se podem mudar, mudam-se então outras. O alvo passou a ser, por isso, as paredes. Entre decisões quanto a cores e a padrões, só queria que tivessem visto a quantidade de pessoas que nos disseram: "Não se preocupe tanto com as cores das paredes, as pessoas raramente estão no quarto, sem ser para dormir.". Sempre que eu ouvia isto, começava a borbulhar dentro de mim uma espécie de ira, capaz de dar uma resposta torta a quem me dissesse tal disparate. Mas consegui conter-me sempre (e olhem que foi um grande esforço!) e dizer apenas: "Eu não penso da mesma forma".
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Para mim, o quarto é um local essencial da casa. Já era assim na casa dos meus pais e agora não é diferente. Eu sou pessoa de gostar de estar uns longos momentos só, em silêncio (enquanto a vida mo permite, claro!), a apreciar tudo, sem interferências. Para mim, um quarto é lugar de calma, de reflexão, de leitura. Desde sempre que me lembro de gostar muito de quartos e da sensação de tranquilidade e conforto que eles me dão. Até me lembro que, quando era miúda e ia a casa de algum amigo ou vizinho, o que eu mais queria ver eram os quartos. Não faço ideia se isto define alguma coisa do meu caráter ou revela algum distúrbio de personalidade com nome estranho, mas é a verdade. Por isso, não me venham dizer que os quartos não são assim tão importantes ou que as decisões que tomar nunca terão tanto impacto como eu desejo. Sabem lá estas pessoas o que estão a dizer!
(E, se calhar, valeria a pena pensar que nem todas as pessoas são iguais e que há clientes que podem não estar inteiramente de acordo com tudo o que lhes dizem. Penso eu de que.)