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Verde Vermelho

Podia ser um blog sobre Portugal. Podia ser um blog sobre mim. Podia ser um blog sobre coisas boas e más. Podia ser um blog humorístico. Podia ser um blog a tentar ser humorístico. Podia ser um blog sobre qualquer coisa. Pois podia.

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08 de Novembro, 2017

Se tiverem baixa autoestima, preparem-se para ela ficar quase a bater no fundo.

Joana

Uma das etapas de (re)começar a praticar qualquer exercício deverá ser a avaliação física prévia, para verificar se existe alguma contraindicação. No caso do Pilates, esta avaliação é, sobretudo, postural e visa reconhecer o que há a corrigir e, se possível, a tratar.

Já fiz algumas avaliações físicas em ginásios, mas nunca como desta vez. Para além de que aquilo que se faz nestes espaços me parecer sempre uma tanga e já por diversas vezes me terem sido indicados exercícios que me pioraram as minhas queixas e problemas, sempre achei que era um engodo para conquistar as pessoas e as inscrições.

 

Quando fui à consulta de avaliação no âmbito do Pilates, a coisa foi bem diferente. Colaram-me uns autocolantes em articulações específicas, tiraram-me umas fotografias e a coisa foi indo bem e de forma levezinha. Isto até parecia ser tudo muito giro e tal, até levar depois com o valente embate de ver as fotografias do meu corpinho e perceber que as bolinhas que deveriam estar ao mesmo nível estão quase todas em níveis diferentes, e que o que deveria estar para trás, está para a frente e o que deveria estar para fora, está para dentro. A coisa piora, invariavelmente, se a terapeuta nos disser coisas como "Uuui, como isto está!" ou "Percebi que havia aqui um desalinhamento, mas tanto assim nunca imaginei!" - o que, de facto, aconteceu. Eu cá acho que não se perdia nada em sermos aconselhados a fazer um exercício mental de fortalecimento da autoestima antes de irmos fazer estas avaliações, mas isto são só considerações minhas.

 

Quando saí desta sessão, vinha cabisbaixa. Está bem que todos somos um pouco tortos, mas TÃO torta, também acho que não seria preciso. Entretanto já recuperei deste choque, mas fiquei a pensar que quem tem dificuldades em gostar de si e do seu corpo, deve ficar de rastos ao perceber que é, efetivamente, uma pessoa toda desconchavada. Enfim, há males piores. Apesar de tudo, serve de motivação para irmos ao Pilates e não arranjarmos desculpas. Ao menos isso: torta, mas responsável.

 

[Entretanto, o J. disse que me ia pôr na reciclagem. Amigo do ambiente, este rapaz.]

 

 

 

 

07 de Novembro, 2017

Desculpem-me a baba, mas hoje têm de levar com isto.

Joana

Hoje a minha empresa faz anos. Um dos meus projetos de vida e um dos sonhos que não pensei ser possível concretizar.

O momento do nascimento não foi o melhor e a crise abalou muito o mercado e a confiança das pessoas. Como todos os inícios, a coisa não foi fácil, mas a motivação de ultrapassar a barreira foi aliada das primeiras pedras no caminho e acabou por se tornar mais forte que os obstáculos. Foi um processo um pouco ingrato e moroso e ouvi várias pessoas sensatas a alertarem-me para a possibilidade de ter de fechar portas, se algo não melhorasse. Não ignorei o que diziam, mas algo me dizia que não deveria abandonar o barco, que a maré iria subir. E, como o caminho se faz caminhando, o bom trabalho, a qualidade e a vertente humana da empresa começaram a traduzir-se em maior reconhecimento. Hoje sou responsável por uma empresa diferenciada na área em que atua, talvez não só pelos serviços que presta, mas por tudo o que se sobrepõe a isso. Não podia ter mais orgulho em mim e no que consegui criar até aqui. Tive uma sorte tremenda com as pessoas com quem me encontrei e que vivem a empresa com o espírito de entrega e de rigor que me levaram a criá-la. Estou tão agradecida! Sou muito feliz no que faço hoje e, apesar de me queixar dos horários, das sobrecargas de trabalho, da falta de tempo e de tudo o mais, sinto que nasci para isto. E conseguir manter este barco sempre a andar - mesmo havendo bastantes marés baixas - e cada vez a melhor ritmo é uma sensação do caraças!

Hoje estou feliz.

 

 

02 de Novembro, 2017

Retomar o Pilates passados quase 10 anos.

Joana

 

 

Em 2006, tive uma queda valente, que me fissurou o cóccix. Desde aí, a minha vida nunca mais tem sido a mesma em termos de mobilidade, mas a verdade é que, à data, depois de 2 meses de fisioterapia sem sucesso, a minha fisiatra me recomendou Pilates. Na altura, isto ainda era novidade e até tinha uma certa pinta praticar aquilo que se sabia que apenas a Madonna e mais alguns gatos pingados praticavam. Não foi fácil encontrar um local de prática deste novo método, mas lá o encontrei, bem no centro do Porto. Posso dizer que durante os 3 anos em que fiz Pilates senti verdadeiras melhorias e uma força e resistênca musculares que pensava não ter. Mas, como tudo o que é bom acaba (hoje estou em modo dramática, perdoem-me), a vida de cigan... quer dizer, de professora obrigou-me a andar "de casa às costas", de um lugar para o outro, em horários impossíveis, o que me tirou logo a capacidade de manter um treino regular, como o tinha feito até então. E foi aí que tudo descambou. A falta de Pilates, aliada ao stress dos contínuos corre-corre e à ansiedade de não conseguir um emprego, mas apenas míseros trabalhitos que ecoavam "precariedade" por todo o lado, deitaram o meu trabalho físico de anos por água abaixo. Tentei, mesmo assim, disciplinar-me para continuar a treinar por mim mesma em casa, mas bem sabemos como estas histórias acabam... em nada. E assim foi. Fui deixando de fazer, deixando de fazer até deixar mesmo de fazer. E o corpo ressentiu-se. E muito. De repente, surgiram as dores de costas, alguns movimentos incapacitantes e contraturas e crises de coluna com uma regularidade assustadora. Para piorar as coisas, o facto de ter uma empresa, que me obriga a passar longas horas sentada, na mesma possição, não ajudou à missa.

 

Vai daí, resolvi dar, de uma vez por todas, conta de um dos tópicos da minha lista de compromissos para 2017: regressar ao Pilates. É certo que só agora consegui, mas ainda faltam dois meses para o fim do ano, por isso acho que estou safa. Tive hoje uma primeira aula e posso dizer que... saí muito desiludida. Este desânimo vem, estou em crer, do facto de ter percebido que não consigo fazer muitas das coisas que fazia em 2007 ou 2008, quando frequentava as primeiras sessões de Pilates. Acho que é mais do que natural, mas foi um alerta com impacto para mim. O corpo não é o mesmo, as capacidades também não são as mesmas, mas a minha entrega também não parece ser a mesma. Talvez porque não há amor como o primeiro e aquela experiência de 2006 a 2008 teve outro gosto. Ou talvez, porque eu seja, neste momento, o ponto de desiquiílibrio - literalmente - daquele grupo. Não sei, será um conjunto de causas.

 

 

 

Seja como for, há que dar oportunidade às coisas e não vou desistir agora, que já fiz o mais difícil - recomeçar. No entanto, estou ciente de que isto não vai ser tão fácil como foi há 10 anos e que o Pilates, por muito bom que seja, não faz, nesta minha fase da vida e com as mazelas que já trago, grandes milagres.

Ou até fará?