Se tiverem baixa autoestima, preparem-se para ela ficar quase a bater no fundo.
Uma das etapas de (re)começar a praticar qualquer exercício deverá ser a avaliação física prévia, para verificar se existe alguma contraindicação. No caso do Pilates, esta avaliação é, sobretudo, postural e visa reconhecer o que há a corrigir e, se possível, a tratar.
Já fiz algumas avaliações físicas em ginásios, mas nunca como desta vez. Para além de que aquilo que se faz nestes espaços me parecer sempre uma tanga e já por diversas vezes me terem sido indicados exercícios que me pioraram as minhas queixas e problemas, sempre achei que era um engodo para conquistar as pessoas e as inscrições.
Quando fui à consulta de avaliação no âmbito do Pilates, a coisa foi bem diferente. Colaram-me uns autocolantes em articulações específicas, tiraram-me umas fotografias e a coisa foi indo bem e de forma levezinha. Isto até parecia ser tudo muito giro e tal, até levar depois com o valente embate de ver as fotografias do meu corpinho e perceber que as bolinhas que deveriam estar ao mesmo nível estão quase todas em níveis diferentes, e que o que deveria estar para trás, está para a frente e o que deveria estar para fora, está para dentro. A coisa piora, invariavelmente, se a terapeuta nos disser coisas como "Uuui, como isto está!" ou "Percebi que havia aqui um desalinhamento, mas tanto assim nunca imaginei!" - o que, de facto, aconteceu. Eu cá acho que não se perdia nada em sermos aconselhados a fazer um exercício mental de fortalecimento da autoestima antes de irmos fazer estas avaliações, mas isto são só considerações minhas.
Quando saí desta sessão, vinha cabisbaixa. Está bem que todos somos um pouco tortos, mas TÃO torta, também acho que não seria preciso. Entretanto já recuperei deste choque, mas fiquei a pensar que quem tem dificuldades em gostar de si e do seu corpo, deve ficar de rastos ao perceber que é, efetivamente, uma pessoa toda desconchavada. Enfim, há males piores. Apesar de tudo, serve de motivação para irmos ao Pilates e não arranjarmos desculpas. Ao menos isso: torta, mas responsável.
[Entretanto, o J. disse que me ia pôr na reciclagem. Amigo do ambiente, este rapaz.]