Os deploráveis segredos da TVI.
No domingo passado, numa curta (e desnecessária, reconheço) passagem pela TVI, vi que estava a dar o Secret Story. No pouco tempo que fiquei por ali, vi apenas uma rapariga a desvendar o seu segredo, envolvida numa aura de mistério ficcionado pelo canal que, sumariamente, se resumia a umas luzes vermelhas e a uma música de fundo a puxar a suspense. Dizia a rapariga que o seu segredo era o de que já tinha tentado matar o seu pai. Não bastasse esta profunda (e também ela tão desnecessária) partilha, a moça ainda achou por bem contar pormenores de como o pai batia na mãe, de como as filhas, ainda crianças, viam a mãe a sangrar e coisas afins. Fiquei tão incomodada com aquela exposição, que mudei rapidamente de canal. Não sei o que mais terá dito, mas também não quero saber. Se achei aquilo, por si só, deplorável a tantos níveis, mais indignada fiquei quando, alguns minutos mais tarde, levada por aquela normal curiosidade do "deixa cá ver no que isto deu", me apercebo que a dita rapariga foi expulsa e estava já num estúdio, com uma apresentadora do canal, a falar novamente do que tinha contado minutos antes. Ou seja, fora toda a falta de noção do que pode ser exposto publicamente ou não, a moça foi apanhada num esquema da TVI para fazer espetáculo, não tendo a sua pouca inteligência sido protegida pelo canal e, ao invés disso, foi, sim, usada como chamariz de audiências.
Não deveria haver aqui algum tipo de filtro? E de punição? Não há legislação reguladora destes casos? Aparentemente, não.
Vale mesmo tudo nesta "guerra"? Aparentemente, sim.
Foi vergonha alheia em todos os minutos que cedi à TVI, naquele domingo, digo-vos. Deplorável, no mínimo.