Chegámos a uma fase da vida em que somos constantemente bombardeados com a questão dos filhos. "Para quando?" "Porque estão a demorar tanto?" "Têm algum problema?"
Não, minhas pessoas. Não.
Eu e o J. sentimo-nos desconfortáveis com esta pergunta. Para mim, particularmente, questionar qualquer casal sobre isto é quase tão íntimo como pedir pormenores da sua vida entre os lençóis. Uma coisa é fazer uma vez e pontualmente a pergunta, no sentido de curiosidade natural, outra completamente diferente é fazer a mesma pergunta sempre que nos veem. É invasivo. É mau e desconfortável. Há sempre um motivo e penso que não cabe a ninguém aventar o que se poderá passar. E se não quisermos ser pais? E se tivermos problemas de saúde? E se estamos perturbados? E se as preocupações com os nossos nos dominam? E se não for nada disto? Alguém tem o direito de se intrometer nestas questões? Não, não tem.
Um bebé faz parte dos nossos planos, sim. Mas não temos de o anunciar ao mundo. Nem fazemos questão, porque virá quando tiver de vir e nem para nós queremos qualquer pressão. É a nossa vida que está aqui em jogo. E neste jogo, só há mesmo dois jogadores. Era bom que as pessoas percebessem isso. Acreditamos mesmo que não fazem por mal, mas é preciso ter filtro.
Felizmente, não é da família, nem dos amigos mais diretos que esta questão vem. Mas, mesmo assim, incomoda e perturba. E não deveria ser um assunto, sequer.
Este constante "bombardeamento" levou-nos a, quase irracionalmente, sentirmos menos vontade de estar com certas pessoas, porque não nos apetece ter de estar a fazer sorrisos amarelos, para responder de forma mais ou menos discreta a estas perguntas, que nos deixam desconfortáveis. Sobretudo quando nasceram bebés dias antes de estarmos com as pessoas e tudo parece estar na "bolha" da maternidade.
Gostamos de crianças, adoramos ver os nossos amigos com bebés e sabemos que queremos ir por aí. Apenas vamos ao nosso ritmo. É tudo uma questão de respeito.
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