Fomos ao cinema. "Os Invisíveis" foi a escolha.
Ontem, sem grande plano, decidimos ir ao cinema. Como andamos totalmente alheados do que está no cinema e vale ou não a pena, confiámos em meia dúzia de sinopses que conseguimos ler no pouco tempo que tínhamos e avançamos para a escolha que, pelo teor da história, parecia ser do nosso agrado: "Os Invisíveis".
O filme retrata a vida de quatro judeus, desconhecidos entre si, que contam na 1ª pessoa a sua vida de fuga à perseguição cega do nacional socialismo alemão e de como sobreviveram em Berlim ao período do 3º Reich, imediatamente após a cidade ter sido declarada como "Livre de Judeus", sem efetivamente o estar. A história é poderosa e, sendo verdadeira e contada pelos próprios, tem um enorme impacto. A questão que, de início, nos deixou um pouco reticentes é este ser um filme em forma de documentário. Mas o que inicialmente nos pareceu desinteressante, depressa se revelou essencial para entrarmos na história e percebermos, pela cara, voz, gestos dos próprios que aquilo foi real - muito mais do que qualquer trilha de cinema pudesse tentar reproduzir. A verosimilhança que o discurso na 1ª pessoa dá torna este filme muito interessante e, embora longe da genialidade, impressiona e "mexe".
Quando o filme terminou, fiquei num misto de tristeza e alegria - entre a vergonha de pertencer a um mundo dito desenvolvido que agiu desta forma há cerca de 70 anos e a satisfação de perceber que a inteligência dos que eram constantemente perseguidos e julgados menos capazes se sobrepôs à dita inteligência das opressivas ditaduras do século XX.
Eis um filme que nos surpreende pelos dois lados: pela história e pela História.
Vale bem a pena. Se gostam do género, avancem, sem medos.