Ora pois que, estando grávida, todo um novo mundo se abriu à minha frente. Não foi imediato, que eu não sou de modas e coisas extremas, mas fui cedendo às evidências. Felizmente, estou a ter uma gravidez santa, sem enjoos, nem grandes indisposições. Não tive caprichos alimentares e apenas notei diferenças - que me afetaram um pouco, é verdade - nos níveis de fome e de cansaço. O J. diz que o meu nível de "chata" se mantém nos padrões normais da pré-gravidez, pelo que me considero uma grávida tranquila. [Se não fosse chata, não era uma boa mulher, por isso está tudo bem.].
Se já sou pessoa de regras e horários, não era agora que iria mudar e, por isso, tenho feito tudo para tentar levar as coisas com mais calma e dormir sempre, no mínimo 8 horas por noite. Das perturbações do meu estado atual diria que a pior é mesmo reconhecer e saber viver com o facto de não ter tanta energia e de me cansar com bastante mais facilidade do que o normal, o que, para uma pessoa como eu, foi difícil de encaixar. nos momentos iniciais, confesso. Agora estou na fase de aceitação de um sono interrompido com uma ida noturna à casa de banho (coisa que NUNCA acontecia) e adaptada a um peso substancial na barriga, que, de facto, incomoda um pouco e - pior - me dá uma sensação de falta de ar. Tudo se contorna com almofadas e novas posições de descanso e vai indo bem. Deixar de dormir de barriga para cima foi o desafio mental dos últimos meses e, finalmente, parece estar a dar resultado (o poder da mente é incrível, mesmo!). O Pilates foi adaptado à nova condição e o trabalho das respirações controladas e direcionadas para as partes que irão ser mais solicitadas também. Um esforço mental daqueles, devo-vos dizer. É como reaprender a fazer algo que é quase inato, mas a ajustá-lo e obrigá-lo a "mudar de sítio". Fácil dizer, bem menos fácil fazer.
Quanto à alimentação, é de facto, uma seca não ser imune à toxoplasmose, o que me faz andar sempre atenta a tudo, mas sem extremismos. Mais uma vez, é uma questão de método e adaptação (e sensatez!). Eu sei que a Amukina é o negócio do século (paga-se quase 6 euros por meio litro de água com lixívia), mas eu sou mais adepta do vinagre em tudo - faz o mesmo! - e de descascar tudo o que for fruta. De resto, é evitar açúcares (área a que nunca fui muito dada, de facto), fritos (a única coisa que me passou a custar mais), enchidos fumados e alimentos mal cozinhados - e aqui é que a ausência de um melão com presunto ou de uma picanhinha me faz sofrer um pouco. Passei a comer mais um pouco, sim, mas de forma nada desmesurada, nem a pensar em multiplicar a quantidade do sustento por dois. Passei a comer de 2 em 2 horas e pouca coisa e tudo corre bem - o bebé está no peso ideal e eu também.
Quanto a cuidados, nunca descurei um dia que fosse as vitaminas pré-natais, nem o creme de amêndoas doces no corpo, antes de dormir - mesmo que, por vezes (ou melhor, a grande maioria das vezes) esteja já podre de sono e não tenha quase força para abrir o boião, para além de já enjoar - e fazer os outros enjoarem - o cheiro tão intenso do dito creme. Não tenho pena, porque o meu diabinho secreto sempre me fez desejar que o J. fosse daqueles pais que também tem sintomas psicológicos de gravidez - o mínimo de justiça, parece-me. Portanto, se a coisa não foi natural nem espontânea, eu arranjei um creme para fazer esse papel. Até agora, nada de estrias e tudo de um marido queixoso com o enjoo que o cheiro provoca. Tendo em conta que a minha condição o obrigou a mudar de desodorizante e de perfume, por eu não os aguentar sem ficar nauseada e ele achar que seria um exagero meu, acho que estamos empatados. Jackpot, portanto! ;)
Pode ser uma experiência só minha, mas eu estou a adorar estar grávida e mesmo as pequenas limitações em momento algum me incomodam ou me impedem de ser feliz. Apenas me alertam para a existência do pequeno grande amor que está a crescer dentro de mim e de nós. E isso vale todas as privações. TODAS.
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