Acham que, passados oito dias, já é seguro eu falar de política?
Politicamente falando, nunca me senti tão frustrada e desiludida com a noção de liberdade que os portugueses hoje em dia têm, como durante a semana passada. Mais do que concordar ou discordar em absoluto ou parcialmente com quem ganhou ou perdeu, acho que NINGUÉM tem o direito de usar as redes sociais para insultar o voto dos outros. Achei que se caiu, como nunca vi, numa lama demasiado suja. Por todo o lado vi coisas como "Povo burro", "País de m***a", "Mentalidade oca", "Os portugueses só gostam de levar no **" e estupidezes como estas, Digo-o sinceramente: são coisas como estas que me fazem desacreditar da noção de democracia e de liberdade. Porque o conceito de liberdade para muitos é dizer tudo o que pensam, sem filtros, quando não foi por e para isso que lutámos e sofremos. Às vezes tenho mesmo vergonha de ser portuguesa e pertencer a uma sociedade que acusa, aponta o dedo e insulta sem freios todos os que não concordam com um ou outro. E talvez sejam mesmo eles que têm os tão famosos "telhados de vidro" que apontam a terceiros. (E pergunto-me se todos eles terão levantado o rabinho e ido votar ou se preferiram ficar no dia de chuva e vento em casa, alapados num sofá em frente à televisão, a lançar bitaites no Facebook...) Senti-me mesmo ofendida e, independentemente de quem ganhou ou perdeu, se foi melhor ou pior assim, se votámos na melhor hipótese ou não, o mais importante foi desrespeitado: a liberdade de opinião. E isso não é dizer tudo o que se pensa e insultar quem não pensa do mesmo modo, meus amigos. É dizer o que se pensa e ser respeitado por isso. Talvez nos falte mesmo crescer, que uma liberdade com apenas 41 anos, pelos vistos, ainda é muito, mas muito imatura.