Eu não gostei do Salvador com o Caetano. Deverei ser expulsa da blogosfera?
No passado sábado, como tão bem sabem, foi o dia da grande Final do Festival Eurovisão da Canção. E nesse grande espetáculo em tantos domínios, houve várias interpretações de artistas nacionais, que me encheram de orgulho [sobretudo, a minha tão cara Ana Moura, de quem tanto gosto]. No entanto, toda a blogosfera anda doida a fazer vénias à atuação do Salvador Sobral com o Caetano Veloso. Toda, à exceção deste canto aqui.
Eu gosto q.b. do Salvador Sobral e com tendência a piorar, apesar de lhe reconhecer uma voz muito bonita e uma presença marcante. No entanto, acho que a fama o fez entrar numa "bolha" que o leva a perder os filtros e a mostrar-se como um puto mimado, muitas vezes - coisinha para a qual tenho, cada vez, menos paciência. No entanto, na atuação no Festival, e tendo em conta toda a sua "akwardness", até se portou genericamente bem (à exceção de se ter posto aos saltinhos, parecendo um coelho desvairado no meio de uma atuação que se queria mais tranquila). E eu gosto do Caetano Veloso. Bastante até. Mas de um Caetano na sua "praia", com o seu tom próprio e a cantar algo em que acredita e a dizê-lo de alma e coração.
No entanto, a junção do Salvador com o Caetano não resultou para mim e foi, inclusivamente, algo sofrível, a meu ver. O Caetano Veloso estava tão fora da sua zona de conforto, que até ultilizou a estratégia de pôr o público a cantar, para minimizar a incapacidade de aguentar as notas. O registo estava bastante acima do que é natural para ele e isso notou-se claramente. E, incrivelmente, o Salvador superou o Caetano. Para além disso, esta terá sido uma das poucas situações em que um texto soou pior com sotaque brasileiro, do que com sotaque português. Não gostei e preferi, inclusivamente, a atuação do Salvador acompanhado por Júlio Resende ao piano (à exceção de mais aquele momento tresloucado em que enfiou a cabeça dentro do piano), do que a com o nosso caro Caetano.
Tenho para mim que, a partir do momento em que, num dueto de qualquer artista com Caetano Veloso, prefiro o primeiro a este último, alguma coisa deve estar mal. Ou com eles ou comigo. Ainda assim, acho que não mereço ser explusa da blogosfera e das redes sociais em geral, por ser, aparentemente, o único ser à face da Terra - formigas incluídas - que não gostou desta atuação nem a achou, de modo algum, brilhante ou excecional.
[Entretanto, já fiz as pazes com o cantor brasileiro e já o recrutei para o leitor de CD do carro. Estamos em paz.]