Negro.
Pedrogão Grande.
Foram as mortes de pessoas no fogo. Foram as histórias dos que se salvaram e preferiam ter partido, porque, ao tentarem salvar a sua família, a perderam. Foi a crueldade e a incredulidade de tudo aquilo. Foram as imagens dos veículos todos batidos e encurralados, no desepero da fuga e do conduzir no breu total. Foi o grito surdo que teima em ecoar na nossa cabeça. Foi o transpor daquela realidade para uma hipotética realidade nossa e querer abraçar os nossos com mais força. Foi a imagem dos bombeiros, exaustos, a descansar num relvado mínimo, como se de corpos mortos se tratassem. Foi a emoção de um presidente que abraça, que chora, que vive, que sofre. É a chegada de constantes atualizações do número de vítimas, que cresce a cada dia. É a perceção de um jornalismo podre, que nos envergonha e que ultrapassa em muito os limites da humanidade. É a visualização mental constante do horror que se terá vivido. É o esforço para querer afastar todas as imagens da nossa cabeça. É o frio horrível que nos trespassa e que sobrecarrega o silêncio deste luto imenso e profundamente emotivo.